Nossas Imagens - Vilém Flusser.
A imagem, na forma de fotografia, interfere diretamente em termos políticos, especialmente quando se nota o quanto os atos políticos são feitos pensando no seu registro. A foto vem em resposta à escrita que por sua vez, sugeriu para esclarecer e “traduzir” a imagem por si só. Todavia, a fotografia como um recorte histórico pode atuar como manipuladora da mensagem que estaria sendo passada pelo texto em caso de existência. Tudo isso leva ao ponto em que se nota que o discurso político não está livre para ser interpretado e sim condicionado pela forma em que se é posicionado de modo que a escrita esteja condicionada a uma visão estática não dinâmica da cena. A escrita linear, embora esteja cada vez mais cedendo espaço para a fotografia, ainda se faz presente na sociedade e é extremamente relevante conforme o grau de formalidade do ambiente se eleve. O momento em que, no século XIX, a racionalização e a objetividade assumem posição de destaque no mundo, a escrita passa a ser ainda mais valoriza e consolida-se por definitivo como meio histórico. Ainda que ela tenha tamanha importância, a imagem fotográfica e seu culto tem sido uma questão bastante investigada no Brasil, pois transformou por completo o modo de vida dos cidadãos. Fotos são tomadas por brasileiros como verdade inquestionável e condicionante de discursos muitas vezes negacionista e discriminatórios, o que afeta o lado social dessa população. A sociedade, então, vive uma ambiguidade entre a tentativa de manter as imagens gerando uma pós-história que condiga com a velocidade do mundo contemporâneo e de assegurar que a escrita seja instrumento histórico livre de direcionamentos pictóricos pré-estabelecidos.
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